Alemanha e Gana fizeram o meu jogo predileto até agora na Copa |
BOXE
Que alegria me deu ver esse jogo. Espelho da maravilha que
essa copa tá sendo dentro de campo, a partida entre Alemanha e Gana também
poderia ter sido uma luta de boxe. De um lado um lutador mais encorpado, com
muita tradição. Do outro, um adversário com muita vontade de vencer e nem um
pouco disposto a vender barato a derrota. Eles duelam, socam um ao outro, mas
em momento algum decidem ficar na defensiva. Não baixam a guarda, claro, mas
partem pra cima. Do jeito que o mundial está, qualquer empate pode custar caro
no final – como acabou se mostrando após o 2 a 2 de Estados Unidos e Portugal,
deixando os quatro membros do grupo G tão vivos quanto mortos.
São golpeados.
E golpeiam logo em seguida.
Não tem acomodação para guardar forças para a fase seguinte,
não tem retranca porque um empate pode ser um melhor resultado.
Dá pra vencer? Então tentam vencer.
Meu jogo predileto até agora.
ALEMANHA
Apesar de ter sido muito gostoso ver essa partida, ela foi
marcada por uma preocupação em relação à seleção alemã. Após um enganoso 4 a 0
contra um Portugal que teve pênalti contra e um zagueiro infantilmente expulso,
os alemães tiveram seríssimas dificuldades contra Gana. Principalmente porque
os africanos tiveram fácil acesso à área alemã. O capitão, Lahm, se destacou
por essa que foi sua pior atuação pela seleção em anos. Özil, antes da copa
considerado a grande esperança, até agora não justificou. Müller segue jogando
bem, mas caiu de produção em relação à estreia. Ainda está no primeiro escalão
dos favoritos ao título, mas não há dúvidas de que um ponto de interrogação
pairou. O que pode ser bom, para que o 4 a 0 não sirva mais como maquiagem e a
Alemanha encare seus problemas – Schweinsteiger não pode ser reserva.
KLOSE
Não irá durar muito o recorde de
Miroslav Klose – o próprio companheiro de seleção, Thomas Müller, deve ultrapassá-lo
entre 2018 e 2022. Mas a vida do centroavante matador é assim mesmo. A glória
não precisa durar muito tempo. Não precisam ser noventa minutos de ovação das
arquibancadas, sendo algumas vaias até mesmo válidas. Não precisam ser noventa
minutos nem mesmo em capo. Mas dê ao 9 um lance de três minutos com a bola do
jogo. Se ele for o maior artilheiro da história das copas, basta. É por essa
fração do tempo que ele ficará marcado. Klose ainda tem cinco jogos. Precisa
marcar apenas um para ficar isolado. Tendo em vista a imbecilidade de Ronaldo
Fenômenos, somos todos Klose.
GANA
A torcida africana nas
arquibancadas cativa no primeiro olhar. Sempre colorida através de tintas no
rosto ou vestimentas típicas, é sempre destaque, se comparada à europeia, que,
embora engraçadinha com alguns personagens, não tem muito carisma. Precisa só
ter um time competitivo para que o país em questão vire queridinho da
competição. Já foi Camarões, entre 1990 e 1994 e a Nigéria em 1998 e agora é
Gana. O próprio nome diz: os ganeses jogam com sangue nos olhos. Como se a
partida de futebol resolvesse todos os problemas do continente africano – o que
não faz. Em 2010 Gana quase avançou para as semifinais, mas estava escrito que
aquela vaga tinha de ser uruguaia. Quatro anos depois, a seleção africana poderia
se recuar contra o Alemanha, segurar o empate e jogar a vida na última rodada
contra Portugal. Mas viu a possibilidade de vencer – e quase obteve sucesso.
Foi para cima, com coragem que apenas a África poderia ter. Agora, uma vitória
simples acompanhada de uma vitória alemã por 2 a 0 contra os estadunidenses
classifica Gana. Já separei a vuvuzela.